NEGÓCIOS

Mulher de Negócios: Empreendedoras vencedoras no ciclo 2015.

O Sebrae ES premiou três mulheres que se destacaram por suas histórias de vida e empreendedorismo.

Em 01/12/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae ES) premiou na noite de quarta-feira (25) três mulheres que se destacaram por suas histórias de vida e empreendedorismo. As vencedoras da etapa estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios receberam seus troféus durante cerimônia realizada no Itamaraty Hall, em Vitória.

Rosangela Bisi Zuqui, do Mulheres da Prata,  foi a grande vencedora da noite na categoria Produtora Rural. “Estou muito feliz por ganhar esse prêmio. Não esperava por isso, mas esse momento chegou e eu conquistei. Agradeço a minha família e aos meus amigos pelo apoio e incentivo. Muitas vezes o produtor rural não é reconhecido. Esse prêmio veio para mostrar que não é assim. Agradeço ao Sebrae também pelo aprendizado e a total diferença que faz no meu negócio”, explicou a empresária.

Na categoria Microempreendedora Individual, a vencedora foi Gabriela Peruzza Queiroz, proprietária da empresa Sweet Monster Toys. “Esse Prêmio veio para mostrar que todo o meu trabalho valeu a pena e isso só me incentiva a querer crescer cada vez mais. O Sebrae me apoiou na busca de outros olhares, de pensar diferente e valorizar coisas simples para as quais eu não dava importância”, conta Gabriela.

Já na categoria Pequenos Negócios, quem venceu foi a empresária Kely Aliny Neves Selvatici, da loja Kely Modas.  Agora, as três vão representar o Espírito Santo na etapa nacional, que será realizada em Brasília, no início do ano que vem. Para Kely o Prêmio é mais que um reconhecimento pessoal, mas também um incentivo a outras mulheres. “A minha vida sempre foi muito difícil, então eu percebo que minha história inspira outras mulheres. Eu já tinha tentando participar e não tinha conseguido, pensei em desistir, mas decidi tentar novamente. Quando se faz a lição de casa direito o reconhecimento vem. Esse ano estou conseguindo crescer mesmo em meio à crise. Minha lição de vida é motivar outras pessoas, pois sei que todo mundo pode vencer, só precisa ter garra”, concluiu.

De acordo com a gestora do prêmio no estado, Marceliy Bridi, a premiação reconhece e reforça a importância das mulheres no mundo dos negócios. “Sabemos o quão difícil é para as mulheres conseguirem se manter no mercado de trabalho. A jornada tripla – vida social, família e trabalho – muitas vezes faz com que algumas mulheres desistam e que outras nem queiram se arriscar. Neste prêmio, temos a oportunidade de reconhecer histórias de vida, de luta, de dedicação e empreendedorismo dessas mulheres, que conseguiram realizar seus sonhos apesar das dificuldades”, garantiu.

Superando desafios no campo, família e negócios

Rosangela Bisi Zuqui, vencedora na categoria Produtora Rural, é filha de agricultores. Durante sua infância e adolescência trabalhou na lavoura com sua família e conseguiu estudar até o ensino fundamental. Após a separação dos pais, foi para o Rio de Janeiro morar na casa dos parentes, onde trabalhou dos 15 aos 17 anos, em uma loja de calçados.

Casou-se aos 21 anos. Seu marido era agricultor e Rosangela o ajudava na lavoura e costurava em casa. Com muita luta, ela e o marido conseguiram construir uma casa e tiveram três filhos, Taciano, Weder e Caroline. Em 1995, durante a crise da agricultura, fez um curso onde aprendeu a transformar produtos agrícolas não aproveitados em bolos, biscoitos, pães entre outros. “A partir desse curso tive a ideia de reunir algumas mulheres que demonstraram interesse, para trabalharmos em grupo, uma vez que muitas delas trabalhavam em casa e precisavam de uma oportunidade para aumentar a renda”, explica Rosangela.

Em 1999, aproveitou a festa comunitária para fazer vários produtos e vendê-los. Logo depois, passou a vender de porta em porta. No início o dinheiro arrecadado era destinado ao investimento. Enfrentou preconceitos por ser mulher e trabalhar fora de casa, sofreu perseguição e chegou até a ser sabotada, mas não desistiu. Iniciou os trabalhos em feiras livres, passou a buscar parcerias, ingressou na diretoria do sindicato dos trabalhadores rurais e tornou-se membro do conselho de desenvolvimento sustentável.

Criou a associação das agricultoras familiares, mais conhecida como Mulheres da Prata, fez um projeto para fazer uma cozinha industrial, juntamente com a prefeitura e EMATER, através do PRONAF, que foi aprovado. Construiu com recurso federal a Sede atual das Mulheres da Prata.

Participou da marcha mundial das mulheres em São Paulo, marchas das margaridas em Brasília, feiras e eventos nos níveis estaduais e municipais.

Atualmente, o grupo Mulheres da Prata tornou-se referência de organização de grupo de mulheres que geram renda para a própria comunidade rural. “Superei muitos obstáculos, muitos desafios, mas estou orgulhosa. Com 55 anos me sinto capaz, útil e realizada”, afirmou a empreendedora.

Hobbie e paixão como trabalho

A vencedora da categoria Microempreendedora Individual, Gabriela Peruzza Queiroz, começou a costurar e bordar muito nova e sempre possuiu aptidão para desenhar. Em 2011, se formou como designer gráfica no antigo CEFET, em Campos dos Goytacazes/RJ. Desde o começo do curso, aos 18 anos, começou a trabalhar com design e, logo depois, com ilustração e moda. Trabalhou em uma fábrica de roupas e em um escritório de publicidade. Após perder o pai, em 2012, decidiu abrir um negócio de bonecos. Vendia os produtos pelas redes sociais e os confeccionava na varanda do apartamento onde morava.

Com o passar dos meses se aperfeiçoou em costura e na técnica de confecção dos bonecos personalizados. “Vi que essa personalização era o que mais estava chamando atenção em meu negócio. Vi que os clientes queriam comprar não só aquilo que eu postava, mas aquilo que era necessidade para eles”, explicou Gabriela.

Com o passar do tempo se formalizou como MEI e comprou uma máquina de costura, investindo em outros tipos de tecidos e peças maiores. Conseguiu unir o design e a costura, as duas coisas pelas quais é apaixonada. Hoje cria estampas também para almofadas e diversos produtos, além de fazer entrega da mercadoria em domicilio.

Determinação, superação e crescimento na crise

A vencedora da categoria Pequenos Negócios, Kely Aliny Neves Selvatici, cresceu sendo filha de pais separados e viveu parte da infância com os avós. Aos oito anos passou a morar com a mãe, uma mulher empreendedora e de muita garra.

Aos 18 anos, perdeu o pai e foi à luta por seus sonhos. Saiu de casa com 1,7 mil reais no bolso e, para sobreviver, fazia bijuterias e as vendia em feirinhas e em uma mini loja que abriu.  Sem apoio, nem mesmo da família, visou que precisava estudar e distribuiu 22 currículos por toda a cidade onde morava.

Trabalhou de graça em uma loja para mostrar serviço e conseguir o emprego. Para não desistir do primeiro sonho, que era fazer faculdade, fechou a lojinha, passou necessidade, virou sacoleira e começou a fazer “bicos” para garantir a renda. 

Em 2007, conseguiu reabrir a loja com apoio da mãe, que entrou como sócia. Um ano depois, após pagar o dinheiro que sua mãe investiu, tornou-se proprietária única da loja. Na administração, passou a colocar em prática tudo o que aprendeu na faculdade. Em 2008, superou a crise financeira que o país vivia. Enquanto muitos fechavam as portas, abria sua primeira filial e, em 2010, a segunda. Hoje é formada na FGV e na UCI nos Estados Unidos. Possui sete lojas e uma fábrica, todas muito competitivas, que cresceram 15% em 2015.

Premiação

O Prêmio Sebrae Mulher de Negócios tem como objetivo identificar, selecionar e premiar os relatos de vida de mulheres empreendedoras de todo o país, que transformaram seus sonhos em realidade e cuja história de vida hoje é exemplo para outras que possuem o mesmo sonho.

Fonte: Sebrae ES