CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Novo remédio quer apagar lembranças de viciados em drogas.

Mecanismo por trás do medicamento utiliza o processo envolvido na formação das lembranças.

Em 12/08/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A maior dificuldade na batalha de um viciado contra as drogas é não recair. Mesmo após passar pelos melhores tratamentos, muitos viciados em drogas psicoestimulantes (como cocaína e metanfetamina) acabam recaindo logo após receber alta, já que a lembrança no cérebro do uso da droga é forte demais para que eles resistam.

Mas pesquisadores da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, encontraram uma forma de “apagar” essas lembranças do efeito da droga do cérebro do paciente, impedindo que ele volte a usar a substância.

O estudo foi publicado na edição desta semana da revista científica Molecular Psychiatry.
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Apesar de a ideia de apagar uma memória ser perigosa, os pesquisadores mostraram em ratos que o medicamento criado afeta apenas as lembranças associadas ao vício no psicoestimulante.

O remédio ainda precisará ser testado em humanos e chegaria ao mercado em, no mínimo, cinco anos.

O mecanismo por trás do medicamento utiliza o processo envolvido na formação das lembranças no cérebro humano.

Em 2013, os mesmos pesquisadores descobriram que as lembranças que surgem após o uso de uma droga psicoestimulante eram muito diferentes do que a formação de memórias corriqueiras, como o que comemos no almoço ou nosso primeiro beijo.

Essas memórias do cotidiano são registradas no cérebro dentro de uma conexão de neurônios formada pela actina, um tipo de proteína. A actina estabiliza rapidamente essa lembrança, que fica guardada no cérebro.

No caso da memória criada pelo uso da anfetamina, a actina nunca consegue estabilizar essa lembrança.

Os pesquisadores se aproveitaram dessa instabilidade para criar uma droga que destrói a actina e, portanto, a memória relacionada à droga.

Mas, como a actina é usada pelo organismo em outros processos, como o funcionamento dos músculos ou a contração do coração, destruir essa proteína seria extremamente perigoso.

No novo estudo, os pesquisadores decidiram usar outra proteína, chamada “miosina não muscular do tipo IIB”. Essa molécula de nome pomposo ajuda a actina a funcionar, mas em outros processos que não afetam o funcionamento dos músculos e do coração.

A droga criada pelos pesquisadores, chamada de Blebbistatina (ou Blebb) destrói a miosina não muscular do tipo IIB, inibindo a actina instável e “apagando” a memória associada com a droga psicoativa.

O medicamento age apenas nessa lembrança, durante 30 dias, segundo os pesquisadores. Segundo os cientistas, basta apenas uma única dose do remédio para que o cérebro do viciado deixe de lembrar que usou a droga.

Fonte: INFO Online