NUTRIÇÃO
Nutricionista explica sobre ingerir líquidos durante a refeição
A mastigação eficaz é suficiente para deglutir os alimentos, sem auxílio de líquidos.
Em 06/02/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
De uma vez por todas, vamos acabar com essa dúvida. Para isso, precisamos entender rapidamente como que funciona a digestão. Quando mastigamos os alimentos já iniciamos o processo de digestão na boca, com algumas enzimas presentes na saliva. Quanto mais se mastiga, mais enzimas são incorporadas no bolo alimentar e mais eficiente fica o processo como um todo. Além do mais, um alimento bem mastigado não necessita de auxílio de qualquer líquido para ser engolido.
A mastigação eficaz é suficiente para deglutir os alimentos, pois supõe-se que esta ação incorporou líquido salivar satisfatório para deslizar a comida até seu próximo destino. Fato é que, na correria do dia a dia, com pouco tempo para se alimentar, as pessoas tornaram as refeições rápidas demais e não prestam atenção no simples ato de mastigar os alimentos corretamente. Fora que a oferta de bebidas é vasta, então criou-se o hábito de beber algo durante a refeição.
E se você mastiga rápido demais significa que seu estômago vai ter mais trabalho para quebrar o alimento em pedaços menores. Ou seja, vai necessitar de mais ácido gástrico para auxiliar esta quebra. E se é ingerido algum tipo de líquido junto à comida, ele acaba reduzindo a ação das enzimas digestivas do alimento, como se diluísse seus efeitos, o que por fim também demanda mais ácido do estômago para ajudar na digestão. As consequências dessa liberação excessiva de ácido clorídrico é que podem ser de alguma forma prejudiciais. Por isso, vamos esclarecer outra coisa: engordar significa aumentar a gordura corporal ou o tamanho das células adiposas no seu corpo.
Beber durante as refeições só vai te engordar se você escolher líquidos açucarados e calóricos, que têm a capacidade de aumentar a concentração de gordura corporal. Fora isso, não engorda. No entanto, há uma série de outras consequências que devem ser consideradas tão preocupantes quanto engordar.
Interfere no controle da fome
Com o excesso de líquidos, pode haver redução da absorção de alguns nutrientes. Fora que, muitas vezes, algumas bebidas (principalmente as industrializadas, como os refrigerantes e chás gelados), possuem componentes em sua formulação que são considerados fatores anti-nutricionais. Ou seja, se conectam aos nutrientes e impedem sua absorção, além de afetarem com veemência a nossa microbiota natural do intestino. Outro ponto importante é que, com os líquidos durante as refeições, o nosso centro regulador de fome e saciedade fica alterado. E isso significa que pode interferir no controle da fome.
Isso ocorre pois o peso do líquido misturado ao bolo alimentar faz distender a parede estomacal, que é flexível, e dá uma falsa impressão ao cérebro de que seu estômago ainda está vazio e que cabe mais comida. A sensação de estufamento e peso na região estomacal em menos de dez minutos do fim da refeição é basicamente certa nestes casos. Alguns sintomas como gases, flatulência, azia, dores estomacais, distensão abdominal e prisão de ventre podem simplesmente desaparecer quando se cria o hábito de não consumir líquidos durante as refeições. Aquela velha história de esperar 30 minutos após o fim da refeição para beber alguma coisa é válida.
Dica simples pode ajudar
Para quem busca uma vida mais saudável e quer se reeducar nesse sentido, a dica é sentar-se à mesa com um copo com apenas “dois dedos” de água. Toda vez que você for buscar o copo, seu cérebro vai computar que você só tem aquela quantidade “ínfima” para acompanhar seu prato que ainda está farto, então melhor adiar a decisão de levar o copo até a boca.
Aos poucos, você começa a prestar mais atenção na mastigação e necessitará cada vez menos levar a sua mão até o copo. Mastigar lentamente e prestar atenção no ato de comer são duas simples ações que podemos tomar no dia a dia para excluir de uma vez por todas o hábito prejudicial de ingerir líquidos durante as refeições. E ensinar isso às crianças... Afinal, quanto mais tempo praticamos um ato, mais tempo demoramos a nos livrar dele.
(Foto: EuAtleta)