NEGÓCIOS

Pandemia faz surgir novos serviços e muda profissões

A telemedicina virou uma grande aliada de médicos e pacientes, diz Dr. Leandro Rúbio.

Em 27/04/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Médico Leandro Rúbio/Foto: Arquivo pessoal

A pandemia do novo coronavírus acelerou o surgimento de serviços e remodelou profissões. Com o isolamento social dos que podem ficar em casa, o atendimento à distância virou uma modalidade de exercício da profissão para muitas pessoas. Psicólogos e treinadores físicos, por exemplo, estão aprendendo a trabalhar remotamente, sobretudo por meio de vídeos.

Atividades ligadas à telemedicina, apesar de já existirem, poderão ser regulamentadas em diversos países. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro sancionou uma lei regulamentando o uso durante a pandemia. Uma das principais inovações desse momento, a telemedicina virou uma grande aliada de médicos e pacientes para tentar reduzir a disseminação da Covid-19.

— Os exemplos mais importantes de mudanças são os profissionais da área de saúde que antes não podiam fazer atendimentos on-line, mas devido à pandemia, foram liberados, como psicólogos e médicos. Também é possível identificar mudanças no lazer. A quantidade de Lives aumentou muito, e ficou claro que é uma oportunidade a explorar — avalia Danilca Galdini, Head de Insights da Cia de Talentos

A telemedicina consiste na utilização da tecnologia ligada a meios de comunicação para passar informação e cuidado médicos a pacientes e profissionais de saúde que estão em outros locais. Em meio à pandemia, um grupo de voluntários criou o projeto Missão Covid. Mais de mil médicos estão cadastrados na plataforma para dar orientações a pacientes com suspeita da doença. Em um mês de atuação, já foram atendidos cerca de 35 mil pacientes, segundo um dos fundadores do projeto, o médico Leandro Rúbio.

— Neste momento, o isolamento social é a ferramenta mais do que fundamental para evitar a propagação do vírus. A telemedicina faz todo sentido, evitando contágio entre pacientes e médicos, e entre os próprios pacientes. Estamos, agora, precisando de mais médicos. O volume de atendimento está mais acelerado do que o número de inscrições de profissionais — destaca Rubio.

Psicóloga: ‘ler’ paciente é desafio agora

Para não perder totalmente sua remuneração por conta das recomendações de isolamento, a psicóloga Léia Salazar, de 29 anos, teve que se abrir a uma forma de atendimento nova. À frente do Espaço Elo Psicologia, ela comunicou aos pacientes, uma semana antes e ainda presencialmente, que para seguir com as consultas, teriam que fazer encontros virtuais.

Entre os adultos, apenas um resolveu não dar prosseguimento. Mas, ainda que o preço da consulta tenha sido mantido — ela explica que seus gastos, com o aluguel do consultório e contas de internet e até energia (visto que pagava a tarifa mínima), não mudaram —, sua receita no fim do mês caiu cerca de 30%. Isso porque o atendimento de crianças foi suspenso por ela.

— Escolhi suspender, pois são muito caracterizados pelo uso de recursos lúdicos, como brinquedos e desenhos — conta Léia Salazar.

Um desafio para a psicóloga

A modalidade on-line foi um desafio para a psicóloga, admite. No entanto, ela já avalia que tem dado certo:

— Acredito que tenha sido estranho para eles também no início. Para mim, foi, pois eu gosto de estar presente e observar o todo, inclusive a expressão corporal. Às vezes, a pessoa demonstra ansiedade com as mãos. Mas já estamos conseguindo perceber resultados bacanas nos pacientes. Está funcionando.

Ela pretende retornar com os pacientes para o consultório quando a pandemia não for mais uma preocupação. Mas a experiência abriu a possibilidade de continuar as consultas em casos especiais, mesmo à distância.

— Quando o cliente viajar ou eu precisar estar fora por algum motivo de força maior, poderei usar. Ou se o cliente for morar em outro estado. Acho bom encontrar novas formas de atuação para se reciclar, e essa é interessante — afirma.

Éber Feltrim, especialista em empreendedorismo e gestão de negócios, avalia que a mudança de operação exigida em tempos de pandemia, embora tenha que ser feita rapidamente para permanecer no mercado, necessita de planejamento:

— É necessário saber exatamente onde a pessoa física ou jurídica está para apontar soluções para o negócio. E depois traçar um objetivo para buscar o caminho certo — destaca ele.

Depoimento

‘A ideia é fazer a pessoa se movimentar’, diz Guilherme Garcia, dono do perfil recruta_trainer no Instagram

"Eu fui convidado pelo doutor Dias Junior, e o nosso programa on-line começou há cerca de 15 dias. Nossa ideia principal é fazer o paciente se movimentar, e é um projeto mais focado na perda de peso. O paciente passa pelo médico; depois pela nutricionista, que monta uma dieta específica; e, por fim, o educador físico elabora os treinos. A cada semana, as pessoas têm um encontro on-line com os três profissionais, além de poderem mandar dúvidas a qualquer momento".

Quem atua com TI será mais requisitado

O preparador físico Guilherme Xavier, conhecido como Recruta nas redes sociais, quer continuar com o programa virtual que criou mesmo após o fim da recomendação de isolamento para conter o avanço do coronavírus. Ele quer aliar essa modalidade aos exercícios presenciais. Danilca Galdini, chefe de Insights da Cia. de Talentos, acredita que essa deve ser uma decisão comum de quem está dando os primeiros passos na internet por conta da crise.

— Fomos obrigados a adaptar a forma como trabalhamos, e isso envolve perdas e ganhos. O que for bom para as pessoas, para os consumidores e para os negócios vai permanecer e conviver com os modelos presenciais. O interessante é notar que um formato não precisa acabar com o outro. Os dois podem e devem existir ao mesmo tempo — avalia Danilca.

Gerente de Produtos Educacionais do Senac/RJ, Maria Eduarda Varela Schindhelm observa que ainda que o movimento de aproveitamento da internet por diversos profissionais e negócios também deve abrir um cenário positivo para outras profissões, que certamente terão um desenvolvimento acelerado a partir da pandemia, tais como desenvolvedores e operadores de sistema da informação; profissionais de logística e especialistas em e-commerce (comércio eletrônico):

— Na área de Tecnologia de Informação, os profissionais terão que se multiplicar, porque o trabalho está em alta. Eles precisarão oferecer todo o suporte aos novos negócios que estão surgindo no mercado on-line. (Por Ana Clara Veloso e Pollyanna Brêtas - Com Extra)