MEIO AMBIENTE

Ação humana ameaça Raposa-do-campo de extinção, diz pesquisa

Canídeo vive apenas no Brasil e em áreas de cerrado.

Em 03/08/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Goiás (UFG) aponta que a raposa-do-campo corre risco de extinção devido à ameaças humanas. Cerca de 50% das mortes dela estão relacionadas a comportamentos do homem. O canídeo vive apenas no Brasil e em áreas de cerrado. O estudo também busca entender como o animal se adapta e vive em áreas modificadas pela agricultura, por exemplo.

Coordenador do Programa de Conservação dos Mamíferos do Cerrado, o professor Frederico Gemesio Lemos, a espécie tem de 10% a 5% de chance de desaparecer em 100 anos, o que é considerado uma probabilidade alta. “100 anos pode parecer muito para a gente, mas para a natureza, não é nada. A espécie levou dois ou três milhões de anos para se adaptar a esse ambiente”, explicou.

Lemos conta que trabalha com a espécie desde 2008 e, nesse tempo, foi concluído que existe um alto índice de mortalidade da raposa-do-campo, tanto de indivíduos adultos quanto jovens. Grande parte disso, causado pelo próprio homem.

“A raposa-do-campo não vive em áreas de preservação, estão espelhadas pelo cerrado e, muitas vezes, acabam próximas a fazendas e rodovias. Com isso, muitas pessoas caçam, matam o animal achando que representa um perigo, que vai atacar o galinheiro, tampam as tocas onde estão os filhotes”, contou o professor.

O pesquisador aponta ainda que a espécie é pouco conhecida ainda, não sabendo todas as regiões onde ela vive ainda e nem quantos indivíduos existam atualmente. Porém, apresenta características peculiares e importantes para o meio ambiente.

“Ela não como galinha, como muitos temem. Fizemos análise das fezes e do estômago de animais mortos e não foi achado nenhum indicativo disso. Ele é um bicho que come cupins, besouros, serpentes, roedores e até frutos. Ainda estamos analisando, mas ela pode até ter uma função de dispersar sementes pelo cerrado”, completou.

(Foto: Divulgação/Frederico Gemesio Lemos)