CULTURA
Arquivo Público do Estado do ES recebe coleção do Saldanha da Gama.
A coleção de 105 fotografias do "Clube de Regatas Saldanha da Gama" foi doada pelo MAES.
Em 16/04/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Uma coleção de 105 fotografias do “Clube de Regatas Saldanha da Gama” foi doada pelo Museu de Arte do Espírito Santo (MAES) para compor o acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). Por meio das imagens é possível trazer à cena a história do local, fundado há 114 anos, e que marcou época no esporte e na vida social, sendo considerado um dos principais clubes náuticos do país.
Segundo informações do livro “Clube de Regatas Saldanha da Gama: lutas e glórias, 105 anos de vitória”, o Saldanha foi a agremiação capixaba que mais títulos conquistou no setor amadorista, com atletas reconhecidos em âmbito nacional e internacional.
Criação
O surgimento em 1902 do “Clube de Regatas Álvares Cabral” - grande rival do “Saldanha da Gama” – teve grande repercussão na cidade de Vitória. Um grupo de amigos, inspirados pela ideia, se reuniram na casa do alemão Franz Jognell para a criação de um novo clube. Em 29 de julho do mesmo ano ele é oficialmente inaugurado, recebendo o nome do almirante Luiz Felipe Saldanha. A primeira embarcação adquirida foi chamada de “Guarany”. Para não ficar atrás a diretoria do “Álvares Cabral” foi ao Rio de Janeiro com o objetivo de comprar uma melhor.
As regatas
O esporte náutico capixaba tem origem nas regatas do dia de Santa Catarina, que ocorriam em um único páreo, em longas canoas tripuladas por pescadores. O ponto de partida era a Pedra dos Ovos, próxima ao Penedo e a chegada, na atual Vila Rubim. O Espírito Santo, por muitos anos, foi referência nessa modalidade, principalmente nas décadas de 1920 e 1930. Diversos atletas se destacaram, como por exemplo, Catarina Czartoryska, que em 1936 foi integrante da primeira geração do remo feminino no Estado e pioneira em remar um “skiff”. Pode-se citar também, Elizio Ribeiro de Oliveira, revelação da década de 1950 e considerado na época o remador mais completo do Brasil.
As festas e a vida social
Inicialmente voltado à prática esportiva, a necessidade de atrair um maior número de sócios, fez com que o Saldanha diversificasse a sua atuação. “Com festas realizadas na própria sede ou no Teatro Carlos Gomes, além dos famosos concursos para escolha dos nomes dos barcos, o clube começou a mostrar para a sociedade que poderia proporcionar, além da diversão das disputas esportivas, muita animação nos seus grandiosos salões”. A primeira delas, anunciada com salvas de dinamite, foi pela comemoração dos 25 anos de fundação. O carnaval também era um período de muita movimentação, em que ocorriam três matinês e o “Grande Baile”. Ocasião em que as rivalidades eram ligeiramente esquecidas e os sócios frequentavam as festas dos dois clubes.
A partir de 1969, com a inauguração do “Bar Boteko” no porão do “Forte São João”, era comum a presença de artistas da Música Popular Brasileira, como Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Muita gente de Vitória ainda sente saudades daqueles tempos. Músicos consagrados da cena capixaba deram lá os seus primeiros passos. Outros se aprimoraram. O Bar Boteko funcionou até 1973, mas até hoje vive na lembrança de muitos saldanhistas.
Banco de Imagens
Para conhecer um pouco mais sobre essa e outras histórias, o banco de imagens do Arquivo Público é um importante referencial. São milhares de fotografias que mostram os atos oficiais da administração pública, as paisagens, a arquitetura, as festas populares, a religiosidade, os cinemas e o cotidiano. Os originais estão em formato de negativo de vidro ou papel e a digitalização pode ser solicitada na sala de consultas do APEES, localizada na Rua Sete de Setembro, Centro de Vitória.
Fonte: SECOM-ES