SAÚDE
Cigarros eletrônicos podem causar câncer e mutação genética
E-cigarros aumentam a dependência e o uso dos cigarros tradicionais.
Em 06/09/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O avanço do uso de cigarros eletrônicos é uma preocupação crescente em todo o mundo. Nos Estados Unidos, o número de jovens que consomem o produto aumentou em 1,5 milhão entre 2017 e 2018, segundo dados do Centro de Controle de Doenças (CDC) norte-americano. Não há números relativos ao Brasil, mas por aqui a tendência também é de alta - embora a discussão sobre a liberação do aparelho ainda esteja na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Conhecidos como e-cigarros, esses equipamentos estão se popularizando entre os usuários do tabaco pela crença errônea de que trariam menos prejuízo à saúde. Mas, assim como os cigarros comuns, eles têm o mesmo potencial para causar dependência e diversos tipos de câncer, além de aumentar o risco de mutações genéticas. Os e-cigarros também são apontados como uma das possíveis causas de uma doença pulmonar grave, a pneumonite, identificada em jovens de diversos estados norte-americanos e que está sendo investigada pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) e pela agência nacional de vigilância dos Estados Unidos, a FDA. Em todos os pacientes foi registrado consumo de cigarro eletrônico associado a outras substâncias, como flavorizantes (para dar sabor) e até maconha.
De acordo com o doutor Ricardo Marques, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), muitos usuários encaram de forma errônea os e-cigarros. Apesar de não terem tabaco, esses equipamentos evaporam quantidades de nicotina similares às do cigarro comum. “Os cigarros eletrônicos consistem em uma bateria que liga o aparelho, um tanque que contém o líquido e um sistema capaz de aquecê-lo, transformando-o no vapor que é inalado para dentro dos pulmões. E o problema é que esse líquido contém a mesma quantidade de nicotina que o cigarro tradicional e, portanto, potencial para causar os mesmos malefícios à saúde de quem o consome.”
O tema reflete uma preocupação cada vez maior dos órgãos de Saúde com relação ao tabagismo.
Com relação aos e-cigarros, o doutor Ricardo alerta ainda que esses equipamentos estimulam o uso subsequente do cigarro tradicional em adolescentes e adultos jovens. O médico destaca outros prejuízos à saúde causados pelos cigarros eletrônicos:
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Além da nicotina, a maioria dos cigarros eletrônicos emite várias substâncias potencialmente tóxicas, como metais pesados;
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O nível de exposição do usuário à nicotina é igual ou maior que no cigarro tradicional;
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O aerossol desses cigarros pode causar danos agudos às células das paredes dos vasos sanguíneos, e os efeitos a longo prazo são desconhecidos;
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Alguns compostos químicos presentes no aerossol (tais como formaldeído e acroleína) são capazes de causar dano na estrutura dos genes e consequentes mutações. Estas evidências indicam o risco e a possibilidade de causarem câncer e efeitos sobre o sistema reprodutivo.
Tabagismo
Todas as campanhas de alerta sobre o vício em tabaco apontam para os altos índices de câncer causados pelas substâncias liberadas pelos cigarros. Doutor Ricardo esclarece, porém, que há outros impactos para a saúde oriundos do consumo de tabaco e nicotina:
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Destruição dos pulmões, levando a dificuldades para respirar (caso da bronquite crônica e enfisema);
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Entupimento de artérias de várias áreas do corpo, causando infartos e derrames cerebrais mais frequentes;
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Envelhecimento precoce da pele;
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Degeneração macular, uma alteração no olho que pode levar à cegueira;
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Osteoporose, ou seja, perda da dureza dos ossos, facilitando fraturas;
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Efeitos sobre o sistema reprodutivo feminino, incluindo diminuição da fertilidade;
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Impotência masculina.
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