ECONOMIA CAPIXABA
Crise gera desemprego e impulsiona o empreendedorismo.
Fenômeno reacende o debate sobre empreender por oportunidade ou necessidade.
Em 01/08/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A crise econômica atingiu a esfera pública e a privada. O resultado disso é uma taxa de desemprego de 11,1% entre janeiro e março no Espírito Santo, enquanto a média nacional de empregos foi 10,9%. No mesmo período de 2015 atingiu 6,9%, quase metade do registrado neste ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A redução do número de postos de trabalho faz com que muitas pessoas percebam uma oportunidade de renda no empreendedorismo. Mas este é um ramo para poucos. Um relatório divulgado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae ES) revela que, dos 300 entrevistados que encerraram suas atividades nos últimos dois anos, apenas um quarto atuou em período superior a um ano de atividade.
O consultor em inovação, estratégia, empreendedorismo, Adm. Marcelo Lage, CRA-ES 14.750, considera que o tempo de aprendizado incide sobre o método de planejamento, que, por sua vez, influenciará no tempo de planejamento “É extremamente importante pensar o seu negócio e, eventualmente, ajustar os seus planos. A lógica de planejamento para a abertura de um negócio mudou, principalmente em relação a negócios inovadores”.
O CEO da Start You UP, Marcilio Reigert, adverte que os tempos estão cada vez mais difíceis para empreendedores que vieram “do nada” e deram certo. A competitividade e digitalização do mundo dos negócios estão limando os considerados “amadores”. “Cada vez menos se tem espaço para histórias de quem se arriscou sem preparo e conseguiu retorno positivo, principalmente no mundo digital. Soluções surgem a todo o momento e aqueles que estiverem só para surfar a onda (sem preparo), não conseguirão se manter nela”, afirma.
Capacitação
O conhecimento técnico de nada valerá se não for posto em prática. Algumas instituições capixabas disponibilizam cursos voltados para a gestão de negócios. Mas, é essencial, além de conhecer o mercado, ter ousadia e atitude para ser um empreendedor de sucesso. Outra opção é a sociedade, que deve ser avaliada com critérios técnicos, de acordo com Lage.
Neste sentido, Reigert já percebe uma mudança positiva. “Tenho acompanhado algumas mudanças nas escolas particulares. Essas já entenderam que o empreendedorismo auxilia na "abertura da mente" do jovem, despertando desde cedo, o empreendedor”.
Oportunidade x Necessidade
Quatro em cada dez brasileiros estão envolvidos na criação de uma empresa, segundo a pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2015. Isso significa que a taxa de empreendedorismo no Brasil é a maior dos últimos 14 anos. Outro dado interessante é sobre o motivo que leva empreendedores a começar um negócio. Na pesquisa, o percentual de empresas criadas por necessidade aumentou. A taxa que era de 29% passou para 44%, voltando ao patamar de 2007.
A diferença entre um e outro é quem está preparado para "fazer acontecer". Os que empreendem por oportunidade tendem a trilhar de uma forma mais estruturada por terem se preparado e se capacitado, porém não é garantia de sucesso.
Para o presidente do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo, Hércules Falcão, a crise também é uma oportunidade. “Temos cada vez mais a necessidade de ficarmos atento às mudanças, principalmente nos cenários político e econômico. O bom gestor é capaz de analisar e antecipar esse cenário, redirecionando suas ações e planejando a melhor forma de atuar, dando vez a sua veia empreendedora. É aí que muitas vezes nos deparamos com ideias diferenciadas, inovadoras, que resultam em bons produtos e negócios. Para isso, é preciso querer mudar e enxergar na crise ou no momento considerado pouco bom, uma oportunidade”, afirma.
Cenário de MPEs no Espírito Santo
· Micro e pequenas empresas compõem 99% das empresas capixabas
· A sobrevivência das MPEs capixabas chega a 78% (sexta melhor média nacional).
· 67% planejaram a abertura do negócio em, no máximo, seis meses e mais de um terço planejou até um mês antes de abrir a empresa.
· O primeiro ano do negócio é considerado o mais crítico.
Fonte: Pesquisa Causas da Mortalidade das MPEs Capixabas (2012), do Sebrae ES
Dicas para sobreviver no mercado
· Conhecer a visão do cliente sobre os produtos ou serviços e da empresa para fazer o planejamento das vendas;
· Decisões das ofertas de produtos ou serviços devem ser baseadas em fatos constatados, pesquisas focadas e sérias, jamais por sentimentos ou expectativas, próprias ou de terceiros;
· Ter como hábito o planejamento e controle financeiro, que devem ser revistos ou atualizados constantemente;
· Conhecer bem as obrigações legais e tributárias do negócio. Investir em consultoria especializada;
· Estimular o uso das ferramentas e técnicas de gestão da qualidade também é importante.
Fonte: CRA-ES