ECONOMIA CAPIXABA
Crise hídrica afeta cafeicultura e setor estuda férias coletivas no ES.
Preço do produto aumenta 35% aos consumidores.
Em 20/10/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Por causa da crise, empresários do café estudam férias coletivas e paralisação da produção. O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café, Egídio Malanquini, foi entrevistado pelo Bom Dia, na manhã desta quinta-feira (20), e disse que esta pode ser uma alternativa, mesmo que remota, para o setor. O produto vem sofrendo aumento de preços e não há previsão de queda para os próximos meses.
Com a escassez de matéria prima, Malanquini acredita que possa faltar café no mercado. “Isso já estava previsto em decorrência da crise hídrica. No estado de São Paulo, as indústrias estão, desde a semana passada, com problemas na aquisição da matéria prima. E principalmente porque as pequenas e médias indústrias aqui do estado elas detém um estoque muito reduzido”
Por causa da baixa produção, a saca do conilon bateu recorde e chegou a R$ 452 nesta semana. Com o preço alto e com os produtores sem produção suficiente, esse aumento vai chegar ao consumidor final.
“Na semana passada e nesta semana já está sendo repassado uma média de 35% de reajuste nos pontos de venda junto aos varejista para recompor os custos das indústrias. A gente tem uma tendência, nos próximos meses até dezembro, pelo que o setor vem sinalizando, ter mais uma recomposição desses preços” explicou o vice-presidente.
Segundo Malanquini, é provável que a crise ainda se estenda por até três anos. Ele acredita que deve haver um diálogo entre entidades produtivas e governos para que seja investido em pesquisa para superar futuras crises e as mudanças climáticas.
“Eu acho que nesse momento o governo poderia disponibilizar o estoque que ele tem na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Sabemos que é pouco, mas poderia amenizar um pouco a indústria e também ajuda a estabilizar esse preço para que ele não aconteça de forma elástica, porque o consumidor também passa por uma crise financeira” apontou.
Com a queda na produção, o prejuízo no setor já ultrapassa os R$ 2 bilhões. Mesmo assim, para ele, férias coletivas e paralisação da produção seria um extremo e alguma ação deve ser tomada como ponto de partida para o desenvolvimento das regiões e do estado.
“A gente tem municípios que 80%, 90% da sua economia é voltada no café. Se o café compromete esse trabalho, isso pode comprometer toda uma sociedade. A coisa mais grave é a ocupação dessa mão-de-obra. Com a crise, o trabalhador está saindo do interior e buscando a cidade. E a cidade não tem essa opção para ele de trabalho” lembrou o vice-presidente.Segundo maior produtor de café no Brasil, o Espírito Santo pode perder o posto com a estiagem. “Nós podemos perder posição, porque não foi só a safra deste ano. Nós temos a saca dos próximos três anos que já estão comprometidas porque a árvore não se desenvolveu” declarou Egídio.
g1/Espirito Santo