ECONOMIA CAPIXABA

Dívida de R$ 171 mil cai para R$9 mil em mutirão do Procon no ES.

Evento tem negociações e perdão de até 95% da dívida.

Em 20/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Mais de 1,2 mil pessoas negociaram as suas dívidas em um mutirão realizado pelo Procon do Espírito Santo, em Vitória, nesta segunda-feira (19). Uma das dívidas, de R$171 mil em cartões de crédito do Banestes, teve os juros perdoados e caiu para R$9 mil. O evento termina na sexta-feira (23).

Os consumidores endividados esperam uma solução para a dívidas nas feiras. Assim como outros que estavam no local, Sandra Mara Seixas, de 48 anos, está com as contas atrasadas por conta do desemprego.

Sandra chegou ao local às 7h e conseguiu atendimento com o banco Avista e Cesan, mas ficou sem senha para resolver o seu maior problema: os atrasos das prestações na casa própria.

Sandra e a filha perderam o emprego e há três meses não quitam as parcelas de R$ 1,2 mil. “Meu medo é ficar sem meu maior bem. Minha filha e eu tínhamos juntas uma renda de R$ 4 mil. Agora, estamos vivendo com os bicos que faço como faxineira. Vou dormir na fila para garantir uma senha da Caixa para tentar quitar o que está em atraso e reduzir o valor das prestações”, disse.

E a preocupação de que o número de inadimplentes aumente, com um possível prolongamento da crise, tem levado muitas empresas, que participam do evento, a perdoar juros e multas. Muitas companhias estão dispostas a receber aquilo que o cliente pode pagar.

O mecânico Ricardo Araújo dos Santos, de 38 anos, baixou de R$ 44 mil para R$ 5 mil o valor de um empréstimo com a Caixa. “Fiquei no vermelho e sem condições de quitar as prestações. O financiamento virou uma bola de neve”, contou o consumidor que reduziu também de R$ 15 mil para R$ 605 uma dívida no Itaú e ainda negociou com a Dacasa e a Losango.

Segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória, 650 pessoas fizeram consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) no primeiro dia do feirão. O último levantamento da entidade, com dados de setembro, mostrou que 558.752 pessoas estão inadimplentes no estado com 1.676.256 registros no SPC.

A quantidade de pessoas com dificuldades de quitar as contas em dia subiu 8% no mês de setembro em comparação com o mesmo período de 2014.

Dificuldades com a senha
A procura por uma solução para as dívidas no mutirão esgotou as senhas oferecidas pelas empresas ainda durante a manhã. A maior demanda foi a da Caixa. Até pessoas que chegaram às 6 horas no local ficaram frustradas por não conseguirem atendimento.

A servidora pública Dalva Gomes da Silva, de 58 anos, saiu de Guarapari para ser atendida pelos bancos Avista, Bradesco e Caixa. “Recebi senha para os dois bancos, menos da Caixa. Vou voltar amanhã. Espero ter mais sucesso”, contou.

Ela lembra que ficou endividada depois que seu filho morreu em um assalto. “Ele era taxista. Adoeci e tive que pagar tratamento médico particular por falta de profissional no SUS. Priorizei a saúde e as contas ficaram para trás”, completou.

A Caixa disse que o número de senhas distribuídas foi acordado com o Procon, mas que, em conjunto com o órgão, pode estudar uma forma de ampliar o atendimento. Segundo a presidente do Procon, Denize  Izaíta, se muitos clientes ficarem sem atendimentos, a Caixa será orientada a continuar com as condições em suas agências.

Espera de 21 horas
A fila do mutirão começou a se formar 21 horas antes do início das distribuição das senhas. O primeiro da fila, Ivan Alves do Santos, desempregado há cinco anos, chegou ao Ginásio da Secretaria de Estado de Esportes e Lazer, em Bento Ferreira, às 11 horas de domingo.

Ele e mais 50 pessoas dormiram no local com a esperança de sanar as dívidas. Ivan está com contas em atraso em três empresas: Banestes, Dacasa e Losango. Uma das dívidas de Ivan já chega a mais de R$ 8 mil.

“Cheguei na manhã de domingo e fiquei até a hora de pegar as senhas, porque é grande a ansiedade de ver meu nome limpo na praça. É uma coisa muito importante para todos nós que viemos até aqui. Durante o dia enfrentei bastante vento e poeira, depois das 20 horas ficou tranquilo de ficar aqui na fila”, contou Ivan.

O Procon tentou evitar as grandes filas, também observadas na primeira edição, em agosto, ampliando o número de atendimentos. Mesmo assim, a fila já dava a volta no quarteirão, antes das 8 horas, horário em que começa a distribuição das senhas. O atendimento ao público é feito das 9h às 17 horas.

Já às 10h30, várias instituições já estavam com as senhas encerradas e, muitas pessoas ficaram sem atendimento, causando revolta.

O Banco Pan, que havia confirmado presença, não compareceu ao mutirão e será notificado pelo Procon. Muitos consumidores que pegaram senha não foram atendidos devido à ausência do atendente da empresa. Em nota, a instituição financeira disse que manterá atendimento regular dos próximos dias do evento.

Denize Izaíta, diretora-presidente do Procon estadual comentou sobre a formação da longa fila. “Não avaliamos de uma forma positiva, porque orientamos os consumidores de que não havia necessidade de dormir na fila. Um número grande de senhas estão sendo distribuídas, superior a 1.200. Então, o consumidor não precisa ficar nessa ansiedade e chegar com tanta antecedência para ser atendido”, explicou.

Fonte: G1-ES