CULTURA
Documentário sobre Olavo de Carvalho vence o 21º Cine PE.
O Jardim das Aflições foi premiado pelo júri oficial do festival e pelo júri popular.
Em 04/07/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O documentário pernambucano ‘O Jardim das Aflições’, sobre o pensamento do filósofo paulista Olavo de Carvalho, venceu o prêmio de melhor longa-metragem na 21ª edição do Cine PE, marcada por polêmicas e mudanças de data e de programação. O filme dirigido por Josias Teófilo foi premiado pelo júri oficial do festival e pelo júri popular, que, neste ano, foi realizado através de votação on-line. A cerimônia de premiação ocorreu no Cinema São Luiz, na área central do Recife, na noite da segunda-feira (3).
Ao partir dos temas do livro homônimo publicado por Olavo em 1995 para mostrar a rotina pacata do intelectual, que reside com sua família na cidade de Colonial Heights, nos EUA, o documentário também conquistou o troféu Calunga de melhor montagem. Como melhor curta nacional, foi escolhida a ficção paulista ‘Diamante, o Bailarina’, de Pedro Jorde.
Na competição de curtas pernambucanos, o vencedor foi ‘Los Tomates de Carmelo’, de Danilo Baracho. Além disso, o curta paraense ‘Luiza’, do paraense Caio Baú, recebeu menção honrosa do júri por abordar, com delicadeza e sensibilidade, a sexualidade de uma jovem deficiente com sua família, mostrando os tabus e as dificuldades de lidar com essa realidade.
Júri popular
Através da votação no site do Cine PE, o público escolheu seus filmes favoritos na edição deste ano do festival. O júri popular premiou também ‘Autofagia’, de Felipe Soares, como melhor curta pernambucano e o paulistano ‘Mulheres Negras: Projetos de Mundo’, de Day Rodrigues e Lucas Ogasawara, como melhor curta nacional.
Mais prêmios
Composto por quatro críticos cinematográficos, a crítica especializada concedeu o troféu Calunga de melhor longa para o mineiro ‘Los Leones’, de André Lage; e de melhor curta nacional para a animação pernambucana ‘O Ex-Mágico’, de Olimpio Costa e Mauricio Nunes. ‘Entre Andares’, de Aline van der Linden e Marina Moura Maciel, foi premiado como melhor curta pernambucano.
O curta paulista ‘Diamante, o Bailarina’, de Pedro Jorge, foi escolhido por um júri formado por cinco jornalistas para receber o Prêmio Canal Brasil. Além de um troféu e do valor de R$ 15 mil, o filme também é exibido na grade de programação do referido canal de TV a cabo.
Lista completa de premiados no 21º Cine PE
Mostra Competitiva de Curtas-metragens Pernambucanos
- Melhor Filme – 'Los Tomates de Carmelo' (PE), Danilo Baracho
- Melhor Direção - Danilo Baracho, 'Los Tomates de Carmelo' (PE)
- Melhor Roteiro – Marcelo Cavalcante, 'Marina e o pássaro perdido' (PE)
- Melhor Fotografia - Danilo Baracho, 'Los Tomates de Carmelo' (PE)
- Melhor Montagem – Marcus Paiva, 'Soberanos da Resistência' (PE)
- Melhor Edição de Som – Sérgio Kyrilos, 'Marina e o pássaro perdido' (PE)
- Melhor Trilha Sonora – Carlos Ferrera, 'Soberanos da Resistência' (PE)
- Melhor Direção de Arte – Felipe Soares, 'Autofagia' (PE)
- Melhor Ator - Emanuel David D`Lúcard, 'Autofagia' (PE)
- Melhor Atriz – Brenda Lígia, 'Aqui Jaz' (PE)
- Júri Popular - 'Autofagia' (PE), Felipe Soares
- Prêmio da Crítica – 'Entre andares' (PE), Aline van der Linden e Marina Moura Maciel
Mostra Competitiva de Curtas-metragens Nacionais
- Melhor Filme – 'Diamante, o Bailarina' (SP), Pedro Jorge
- Melhor Direção - Day Rodrigues e Lucas Ogasawara, 'Mulheres Negras: projetos de mundo' (SP)
- Melhor Roteiro - Olimpio Costa e Mauricio Nunes, 'O Ex-Mágico' (PE)
- Melhor Fotografia – Pedro Maffei, 'Retratos da Alma' (DF)
- Melhor Montagem – Márcio Miranda Perez, 'Quando os dias eram eternos' (SP)
- Melhor Edição de Som – Jefferson Mandú, 'O Ex-Mágico' (PE)
- Melhor Trilha Sonora – Claudio Nascimento, 'O Ex-Mágico' (PE)
- Melhor Direção de Arte - Daniela Aldrovandi, 'Diamante, o Bailarina' (SP)
- Melhor Ator - Eucir de Souza, 'Sal' (SP)
- Melhor Atriz - Helena Albergaria, 'O Tronco' (SP)
- Menção Honrosa do Júri – 'Luiza' (PR), Caio Baú
- Júri Popular - 'Mulheres Negras: projetos de mundo' (SP), Day Rodrigues e Lucas Ogasawara
- Prêmio da Crítica – 'O Ex-Mágico' (PE), Olimpio Costa e Mauricio Nunes
Prêmio Canal Brasil de Curtas
- 'Diamante, o Bailarina' (SP), Pedro Jorge
Mostra Competitiva de Longas-metragens:
- Melhor Filme – 'O Jardim das Aflições' (PE), Josias Teófilo
- Melhor Direção – Edu Felistoque, 'Toro' (SP)
- Melhor Roteiro - Edu Felistoque e Julio Meloni, 'Toro' (SP)
- Melhor Fotografia - Alex Lopes, João Atala, Raul Salas, Natalia Sahlit, Inti Briones, 'O Crime da Gávea' (RJ)
- Melhor Montagem - Matheus Bazzo e Daniel Aragão, 'O Jardim das Aflições' (PE)
- Melhor edição de som - Guilherme Picolo, Lucas Costabile, 'Toro' (SP)
- Melhor Trilha Sonora - Nancys Rubias , She Devils , Kumbia Queers, 'Los Leones' (MG)
- Melhor Direção de Arte – Lúcia Quental, 'O Crime da Gávea' (RJ)
- Melhor Ator Coadjuvante – Rodrigo Lampi, 'Toro' (SP)
- Melhor Atriz Coadjuvante - Aline Fanju, 'O Crime da Gávea' (RJ)
- Melhor Ator – Mário Bortolotto, 'Borrasca' (SP)
- Melhor Atriz – Simone Spoladore, 'O Crime da Gávea' (RJ)
- Júri Popular – 'O Jardim das Aflições' (PE), Josias Teófilo
- Prêmio da Crítica - 'Los Leones' (MG), André Lage
Edição polêmica
A 21ª edição do Cine PE foi marcada por polêmicas e alterações de datas e programação. Em 10 de maio, sete cineastas que participariam da mostra publicaram uma carta aberta para demonstrar divergências ideológicas com a curadoria do festival. Os produtores dos filmes não concordaram com a inclusão de algumas películas. Segundo carta aberta divulgada na ocasião, tais filmes ‘favorecem um discurso partidário alinhado à direita conservadora e grupos que compactuaram e financiaram o golpe ao Estado democrático de direito ocorrido no Brasil em 2016".
Ao anunciar a suspensão do festival, a organização salientou que, ao longo de 20 anos, as programações foram pautadas pelo respeito aos valores básicos da liberdade: direito de expressão, respeito à pluralidade e combate ao instrumento da censura. Os organizadores explicaram que "não houve quaisquer formas de politização das programações, pois uma simples pesquisa sobre as edições passadas, facilmente será revelado que o festival sempre se pautou em mostrar tendências, linguagens, estéticas e ideologias, da forma mais coerente possível, por entender e evidenciar que o conceito da diversidade dever ser de todos e para todos".
(Foto: O Jardim das Aflições/Divulgação)