ECONOMIA CAPIXABA
Gabinetes de deputados federais no ES têm despesa de R$ 435 mil.
Escritórios nas bases eleitorais tem gastos como aluguel, telefone e energia.
Em 08/01/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Os 10 deputados federais do Espírito Santo gastaram mais de R$435 mil com despesas em seus gabinetes no estado. De acordo com um levantamento do jornal A Gazeta publicado nesta sexta-feira (8), escritórios nas bases eleitorais têm gastos como aluguel, condomínio, telefone, IPTU, água, energia, internet, TV a cabo, etc.
Só de janeiro a novembro de 2015, as casas, apartamentos e salas comerciais dos parlamentares no estado - todas escolhidas livremente por eles, independente de preços - custaram R$ 435.704,99.
A informação é resultado de um levantamento de A Gazeta a partir de informações do portal da transparência da Câmara dos Deputados. O site traz os valores despendidos para “manutenção de escritórios”, mas os dados têm que ser buscados nome a nome, mês a mês.
A rubrica inclui, além do aluguel, taxas de condomínio, seguro contra incêndio, IPTU e despesas com água, luz, telefone, internet, TV a cabo, material de expediente e suprimentos de informática. O portal exige a compilação do gasto de cada mês para que a despesa total seja conhecida.
O custeio dos escritórios sai da “cota parlamentar”, os R$ 37 mil mensais que os deputados capixabas podem usar para pagar, além dos gabinetes nas bases, passagens áreas, alimentação, serviços postais, hospedagens, entre outras coisas.
A justificativa geral para a existência dos escritórios é de que é preciso estar perto das bases para atender as demandas apresentadas.
ONG
A ONG Transparência Capixaba, que acompanha a atuação dos parlamentares no Espírito Santo, acredita que os gastos poderiam ser menores e se tornam desnecessários no momento de crise que o país vive.
"O que é feito é legal, do ponto de vista que é autorizado pela Câmara e pelo Senado, mas o que a gente pode dizer é que, apesar de o Brasil ter extensões continentais, falta um pouco de criatividade para que essa atividade saia mais barato para o contribuinte", disse o integrante da ONG Edmar Camata.
Segundo Camata, a alternativa poderia ser um escritório compartilhado para que esses gastos pudessem ser reduzidos. "Não precisa ir longe para saber que aqui no estado tem estruturas compartilhadas que tem toda estrutura para o parlamentar e que custaria R$200 por mês. E eu vou falar que é o que muitas empresas fazem nesse momento de crise. Isso porque o escritório de um deputado aqui no estado não passa o ano cheio. Muito pelo contrário, fica a maior parte do ano fechado", pontuou.
Camata compara a situação brasileira com o modelo aplicado em outros países. "Num momento desse é muito natural que façamos comparações. e você comparar com alguns países eme que o deputado não tem direito a ter um escritório na sua localidade", completou.
Ranking
Quem mais gastou para manter um escritório no estado foi Max Filho (PSDB): R$ 94,9 mil. Em seguida, Paulo Foletto (PSB) e Marcus Vicente (PP). Os dois deputados gastaram, respectivamente, R$ 75,3 mil e R$ 48,5 mil no período apurado. Os dados de dezembro ainda não foram disponibilizados pela Câmara.
No caso de Max, além dos R$ 4,2 mil de aluguel de uma casa de dois andares na Praia da Costa, jogou o gasto para cima o aluguel de equipamentos de informática. Em agosto, foram R$ 4,3 mil para locação de computadores, impressora, telefones e câmera digital.
O tucano diz que já providenciou aluguel de imóvel mais barato, no Centro da cidade. “Manutenção de imóvel foi o único item da cota em que fiquei acima da média da bancada. No somatório, estou bem abaixo”, alegou.
Foletto mantém dois escritórios alugados: um em Colatina, em área considerada nobre no Centro da Cidade, e outro na Enseada do Suá, em Vitória. “Depois, do meu próprio comportamento, a melhor ferramenta do exercício político, para mim, são os meus dois escritórios. É onde recebo as pessoas, faço as reuniões”, disse.
Procurado para comentar a utilidade do escritório, por meio da assessoria, Marcus Vicente não enviou respostas.
Quanto gastou cada parlamentar
Max Filho (PSDB) R$ 94.901,01
Paulo Foletto (PSB) R$ 75.368,65
Marcus Vicente (PP) R$ 48.539,11
Helder Salomão (PT) R$ 42.658,63
Sérgio Vidigal (PDT) R$ 40.125,74
Givaldo Vieira (PT) R$ 38.370,36
Evair Vieira (PV) R$ 31.860,31
Lelo Coimbra (PMDB) R$ 23.790,98
Carlos Manato (SDD) R$ 22.621,28
Jorge Silva (PROS) R$ 17.468,92
Despesas
Os gastos saem da “cota para exercício da atividade parlamentar”. Além de aluguéis, os recursos também foram destinados para taxas de condomínio, IPTU, despesas de água, luz, internet, TV a cabo e suprimentos de informática.
Escritórios em bairros nobres
Não bastassem os escritórios integralmente pagos com a cota parlamentar, os endereços de trabalho dos deputados no Espírito Santo estão localizados em endereços nobres da Grande Vitória, alguns com espaço de sobra. Se essas duas características servem para que os deputados atendam melhor suas bases, também servem para elevar as despesas custeadas por todos.
O maior aluguel é o do escritório de Givaldo Vieira (PT). Por duas salas mobiliadas num condomínio comercial em Colina de Laranjeiras, Serra, a Câmara dos Deputados paga R$ 5.098.
Max Filho (PSDB) tem dois espaços em Vila Velha, sendo que um, na Avenida Champagnat, é próprio e serve principalmente para articulação política. Ele não é pago com dinheiro da cota parlamentar. O segundo, uma casa de dois andares na Praia da Costa, atende populares com os mais diversos pedidos, e é alugado por R$ 4,2 mil.
Seis dos 10 deputados têm escritórios na Enseada do Suá, Vitória, onde, segundo consultores imobiliários, há os aluguéis mais caros, que variam de R$ 55 a R$ 60 o metro quadrado, conforme condições de acabamento.
Sérgio Vidigal (PDT) e Marcus Vicente (PP) têm duas salas, cada, no Edifício Petro Tower, na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, também na Enseada. O aluguel do pedetista é de R$ 2,8 mil. O de Vicente, R$ 3,7 mil.
O escritório do deputado Helder Salomão (PT) está em uma casa de três andares em Campo Grande, Cariacica. O aluguel do imóvel, já mobiliado, é de R$ 3,5 mil por mês.
Custo dos gabinetes
Carlos Manato (SDD)
- Sala no Centro de Alegre: R$ 1,2 mil.
- Sala no Edifício Master Tower, Enseada do Suá, Vitória: R$ 937,58
Jorge Silva (PROS)
- Imóvel em Boa Vista, São Mateus: R$ 788.
Evair de Melo (PV)
- Sala no Ed. Master Tower: R$ 2 mil.
Givaldo Vieira (PT)
- Duas salas no condomínio Essencial Escritórios, Colina de Laranjeiras, Serra: R$ 5.098.
Helder Salomão (PT)
- Casa de três andares Campo Grande, Cariacica: R$ 3,5 mil.
Lelo Coimbra (PMDB)
- Sala no Edifício Arábica, Enseada do Suá: R$ 910 por mês. Condomínio é R$ 270.
Marcus Vicente (PP)
- Duas salas no Edifício Petro Tower, Enseada do Suá: R$ 3.710.
Max Filho (PSDB)
- Casa de dois andares na Praia da Costa, Vila Velha: R$ 4,2 mil.
Paulo Foletto (PSB) - Casa no Centro de Colatina: R$ 3,6 mil.
- Aluguel e condomínio no Master Tower: R$ 2.954,24.
Sérgio Vidigal (PDT)
- Duas salas no Ed. Petro Tower: R$ 2,8 mil.
Fonte: G1-ES