CULTURA
Internos de Vila Velha recebem visita de incentivo à leitura
Além do estímulo à leitura, o projeto beneficia os internos com a remição da pena.
Em 07/11/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O livro lido pelos detentos, “A Cabeça do Santo”, já foi editado em três países diferentes. A escritora descreveu a experiência como uma das mais importantes da carreira.
Além do estímulo à leitura, o projeto também beneficia os internos com a remição da pena. O aproveitamento por redação, com nota mínima exigida de seis pontos, pode remir até quatro dias da sentença.
Cerca de 60 internos da Penitenciária Estadual de Vila Velha 1 receberam na tarde dessa terça-feira (05) a presença da escritora Socorro Acioli, autora do livro “A Cabeça do Santo”. A obra foi usada para estimular a leitura e o pensamento crítico dos detentos durante as ações do projeto Ler Liberta, desenvolvido em parceria com a Faculdade de Direito de Vitória (FDV).
O encontro preparado na PEVV1 reuniu também professores e alunos da instituição de ensino envolvidos no Ler Liberta para estimular o debate sobre as atividades desenvolvidas no projeto. A escritora Socorro Acioli afirma que visitar a unidade prisional no Complexo do Xuri foi uma das experiências mais impactantes da sua carreira. Ela recebeu o Prêmio Jabuti em 2013 e teve sua obra entre os 50 melhores livros de 2017 pela New York Public.
“Pude perceber até onde o livro pode chegar e a força da literatura. Não imaginava encontrar leitores dentro de uma unidade prisional e, além disso, discutir com eles a percepção que tiveram da obra, uma percepção emocionada e sensível. Volto para Fortaleza já com a vontade de terminar um novo livro para retornar o quanto antes ao Espírito Santo. Esse encontro foi, para mim, uma renovação de esperança e uma das experiências mais importantes da minha carreira”, diz Acioli.
O interno Alexandre Sobral Cose afirma ter descoberto o prazer da leitura com o projeto Ler Liberta. A iniciativa tem mostrado a ele que é possível trilhar novos caminhos. “A leitura estimula nossa criatividade, melhora nossa escrita, o diálogo, pois aprendemos novas palavras. O livro ‘A Cabeça do Santo’ tem uma história muito emocionante. No debate que tivemos aqui com a escritora, pude aproveitar para pedir que ela faça um novo livro com a continuidade da história, porque da forma que finaliza, ainda não sabemos como tudo irá terminar”, diz Alexandre, que agora lê o livro de Augusto Cury, “O vendedor de sonhos”.
A coordenadora pedagógica da FDV e responsável pelo projeto, Juliana Ferrari, afirma que o Ler Liberta traz sempre uma mensagem de esperança. “O encontro foi momento muito impactante. Ver a sala cheia de leitores debatendo com a autora da obra foi muito emocionante e trouxe a sensação de realização plena de algo que começou como uma sementinha e se tornou algo maior. Vemos que quem ganha ainda mais com isso é a gente ao ver que resta esperança e um novo caminho a ser trilhado pelos internos”, declara.
Ler Liberta
Iniciado em março de 2018, o projeto “Ler Liberta” estimula a leitura e o pensamento crítico. Durante as atividades, os internos devem ler três livros para, em seguida, produzir redações pertinentes a cada obra. Os participantes têm 21 dias para ler as obras e, posteriormente, produzir as resenhas. Os conteúdos passam por avaliação de professores e estudantes da FDV.
Além do estímulo à leitura, o projeto também beneficia os internos com a remição da pena. O aproveitamento por redação, com nota mínima exigida de seis pontos, pode remir até quatro dias da sentença.