CULTURA
Mucane recebe exposição de desenhos em carvão sobre religiões africanas
A programação da mostra reúne uma série de atividades que vão além da exposição dos desenhos.
Em 07/08/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
As religiões de matriz africana despertam curiosidade e fascínio na maior parte das pessoas por unir em um mesmo espaço fé, festa e devoção. Essas manifestações religiosas serão tema da exposição "oba: entre deuses e homens", da artista Juliana Pessoa, que abre para o público na próxima quinta-feira (13), a partir das 19 horas, no Museu Capixaba do Negro “Veronica da Pas” (Mucane).
Juliana sempre teve a fotografia como aliada para a construção do seu trabalho. A mostra reúne cerca de 50 desenhos, feitos, em sua maioria, com carvão e giz sobre papel, recriando imagens do trabalho do fotógrafo Pierre Verger, que registrou em boa parte da sua obra a cultura afrobrasileira.
"Acredito nesse poder de repercutir no meu trabalho a força da imagem retratada, só que de uma maneira renovada. Porém, não existe a intenção de 'copiar' o trabalho (de Pierre Verger), mas, sim, de buscar em suas imagens o vigor e a grandeza dessas filhas e filhos de santo que, no passado, foram capturados por suas lentes. Desse modo, me aproprio de um registro histórico, a fotografia, para poder fazer algo novo, o desenho", explica a artista.
Exposição
A ideia para a mostra "oba: entre deuses e homens” surgiu a partir dos estudos sobre o mito de Dionísio, o deus grego que se manifesta por meio da possessão de suas iniciadas, para o mestrado de Juliana. A partir de uma série de leituras sobre o assunto, ela chegou a textos relacionados ao candomblé.
"Após o término do mestrado, me voltei inteiramente para o estudo dessa religião de matriz africana, que tem na festa, na dança, na música e na alegria seus principais fundamentos. Até porque, por mais interessantes que os gregos sejam, eles estão muito distantes de nós, tanto no tempo quanto geograficamente. Enquanto que o candomblé está aí vivo nos terreiros de norte a sul do país, afirmando, apesar de todas as adversidades, sua visão de mundo e seus valores. Desse modo, essa exposição é fruto de uma saudade das coisas da minha terra e de sua gente", disse Juliana.
Religiões de matriz africana
Juliana afirma não ter religião, mas garante ter uma relação de admiração e respeito pelas religiões de matriz africana. "Sobretudo, por sua visão de mundo, seus valores, seus mitos, o modo como pensam a existência e as questões humanas, que são atemporais: nascimento, morte, prazer, dor, alegria, tristeza, bem, mal".
Ela acredita que, como descendentes da miscigenação entre o índio, o europeu e o africano, o brasileiro deveria resgatar as múltiplas raízes e afirmar a diversidade de sua origem. "O candomblé é um patrimônio brasileiro que nos legou seu jeito de festejar, cantar, tocar, dançar, comer, se vestir, falar".
Seminários e palestras
A programação da mostra reúne uma série de atividades que vão além da exposição dos desenhos, como a exibição de filmes, seminário e um programa educativo. "Acredito que a arte não se restringe a uma experiência passiva, subjetiva e introspectiva. Nesse sentido, essa exposição oferece a oportunidade de a pessoa ver os desenhos, assistir aos vídeos, participar do seminário e ainda realizar uma visita mediada e uma atividade de ateliê. São vários elementos que buscam viabilizar uma experiência mais aprofundada para o público".
Currículo
Juliana Lisboa é graduada em Artes e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Integrou equipes de arte-educação do Museu Vale, em Vila Velha, e da Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte. Em 2014, realizou a exposição individual "encorpo(r)ação", na Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes, que originou a mostra atual "oba: entre deuses e homens". Atualmente faz parte, como voluntária, do Programa AFRICANIDADES do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Ufes.
Serviço
Exposição "oba: entre deuses e homens"
Abertura: quinta-feira (13), às 19 horas
Visitação: terça a sexta-feira, das 9 às 17 horas; sábados e domingos, das 12 às 19 horas
Onde: Museu Capixaba do Negro "Veronica da Pas" - Avenida República, 121, Centro
Agendamento de visitas e atividades de ateliê para escolas, instituições de apoio ao idoso e demais grupos interessados através do telefone (27) 3222-4560 ou pelo e-mail mucane@correio1.vitoria.es.gov.br
Entrada franca
Fonte:PMV