ECONOMIA CAPIXABA

Nível de inadimplência no ES é o maior em 10 anos.

Número cresceu 7,73% em agosto.

Em 20/09/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O nível de endividamento do capixaba atingiu o maior patamar dos últimos dez anos. De acordo com levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória, o número de inadimplentes do Estado cresceu 7,73% em agosto de 2015, em relação ao mesmo período do ano passado.

O número ficou acima da média nacional, que foi de 4,86%. Para o gerente operacional da CDL Vitória, Geraldo Calenzani, os juros altos encareceram as parcelas do crediário e o consumidor não consegue quitar as dívidas. “Soma-se a isso o aumento da taxa de desemprego e a inflação, que vêm corroendo a renda”, completa.

Atraso
Já a quantidade de dívidas em atraso de moradores do Espírito Santo teve uma alta de 8,69%, também na comparação anual. A média nacional registrou crescimento de 6,28%. O Espírito Santo foi o Estado com o 24º maior aumento anual do número de dívidas em atraso.

Em agosto de 2015, cada capixaba inadimplente tinha, em média, 2,236 dívidas em atraso. O número ficou acima da média nacional registrada no mês (2,128 dívidas). “A inflação muito acima do teto da meta, aliada ao desemprego crescente, têm afetado a capacidade de pagamento das famílias”, afirmou o presidente da CDL Vitória, Carlo Fornazier.

A entidade informou que, em agosto de 2015, 558,7 mil consumidores estavam com o nome no SPC no Estado. Em todo o país, o SPC Brasil e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) estima que, no mês passado, 57,3 milhões de consumidores estavam listados em cadastros de devedores inadimplentes por conta de pendências com atraso de pagamento.

O número representa cerca de 39% da população brasileira adulta, entre 18 e 95 anos. Ao longo do ano, 2,7 milhões nomes foram incluídos nos cadastros de inadimplentes. Segundo   Calenzani  , para evitar dívidas, é importante que as pessoas fiquem atentas ao planejamento orçamentário familiar. “É fundamental que o consumidor saiba exatamente a quantia que gasta e a que recebe mensalmente, para que possa se planejar”, recomenda.

De acordo com dados do SPC Brasil e da CNDL, a análise por setor credor mostrou, pelo quarto mês consecutivo, o segmento de água e luz como principal destaque em relação ao crescimento anual da inadimplência: as dívidas em atraso nesse setor cresceram 13,89%. Em segundo lugar, aparecem as dívidas de bancos, que avançaram 10,28% e têm participação de 48,61% do total de pendências no Brasil.

Força tarefa
Quem está inadimplente vai ter três oportunidades de renegociar as dívidas ainda neste ano no Estado e tentar colocar as contas novamente no azul. Os mutirões vão acontecer em outubro, novembro e dezembro.

A primeira ação será o mutirão do Procon, que vai acontecer de 19 a 23 de outubro, na Secretaria de Estado de Esportes, em Bento Ferreira, Vitória. O mutirão que aconteceu em agosto teve filas de dobrar o quarteirão e até gente dormindo por lá para conseguir uma senha.

O órgão confirmou a data e informou que agora está em processo de organização e reunião com os parceiros para formatar o mutirão.

O segundo será um mutirão previsto na 11ª Vara Cível de Vitória, a pedido do juiz Júlio César Babilon, que solicitou ao Banestes uma ação para resolver mais de 200 processos. Serão tanto processos de execução de bens quanto processos contra o banco. Esse evento acontecerá nos dias 3, 4 e 6 novembro.

O terceiro acontece na primeira quinzena de dezembro, quando as CDLs de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica vão realizar mais uma edição do Feirão Recupere seu Crédito. A data e o local da nova edição estão sendo definidos pelas entidades.

Durante os eventos, as organizações participantes vão oferecer condições especiais, como perdão de juros e multas, parcelamentos e descontos sobre o valor principal da dívida.

O Banestes é uma das instituições que participa dos três mutirões, de acordo com a superintendente de recuperação de crédito do banco, Carla Barreto.

“Cada caso é um caso. Mas nós oferecemos parcelamento da dívida em até 60 meses, normalmente. Dependendo da situação, damos desconto no juros de mora da dívida. Se o pagamento for à vista, o desconto é maior. Temos todas as condições para facilitar a vida do devedor e colocar a vida dele em dia”, afirma.

Quem está endividado com os bancos também pode procurar as agências onde têm conta para tentar regularizar a situação. As instituições financeiras analisam o endividamento e a capacidade do devedor caso a caso e organizam um plano de pagamento.

Fonte: G1-ES