TEMAS GERAIS
Obras polêmicas marcam a contagem regressiva para as Olimpíadas do Rio.
Um campo de golfe foi construído junto de um condomínio de luxo.
Em 05/08/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Na Vila Autódromo, no Rio de Janeiro, a igreja do padre Fabio Guimarães está no meio de uma polêmica obra para as Olimpíadas. De um lado, a prefeitura querendo ampliar avenidas, do outro, os moradores da comunidade.
O padre explica que foi feito ali um loteamento concedido aos moradores por 99 anos pelo Governo do Estado. Mas as obras de urbanização para as Olimpíadas não estavam nos planos e os moradores estão sendo removidos. Segundo a Prefeitura, 557 famílias já se mudaram da Vila Autódromo. A maioria foi para apartamentos construídos pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Outros optaram por receber indenizações. A prefeitura diz ainda que vai urbanizar o centro do bairro.
Na Barra da Tijuca, o principal cenário das Olimpíadas, está uma das obras mais polêmicas. Uma área preservada de um milhão de metros quadrados foi devastada para construir um campo de golfe junto de um condomínio de luxo. Em uma parceria público-privada, a construtora fez o campo e em troca recebeu da Prefeitura a autorização para a construção de 22 torres de apartamentos. Além disso, o dono do terreno teve multas ambientais perdoadas.
O biólogo e ambientalista Marcelo Mello está acompanhando as obras. “A prefeitura tinha que promover um legado ambiental na cidade e não fizeram nada”. Sua principal luta é contra o campo de golfe. Ele e um grupo de ambientalistas ficaram acampados por cinco meses no local. A denúncia até hoje atrai a atenção da mídia estrangeira.
O Profissão Repórter foi conhecer um dos apartamentos do condomínio de alto padrão. Com 292 metros quadrados, o apartamento custa R$ 3,7 milhões.
O Rio de Janeiro já tem dois campos de golfe de nível internacional e os ambientalistas questionam se seria necessária a construção de mais um. Em fevereiro, o presidente do Comitê Olímpico afirmou que a obra não foi uma exigência da entidade. Ele disse que o prefeito Eduardo Paes pressionou muito pela construção de um campo de golfe.
Perguntado sobre a necessidade da construção, o prefeito respondeu: “Infelizmente, foi preciso. A gente fez de tudo para que os dois campos de golfe fossem utilizados, mas teve um parecer formal da Federação Internacional de Golfe dizendo que havia a necessidade de um novo campo de golfe. Ao contrário do que alguns afirmam, não teve nenhum dano ambiental”.
O custo total das Olimpíadas está estimado em R$ 38 bilhões. A construção de arenas e estádios custou R$ 6 bilhões.
Voluntários
Juliana, atleta juvenil, já tem vaga garantida nas Olimpíadas, como voluntária. Rosana Bárbara também vai estar lá. O teste dos voluntários foi nas finais da Liga Mundial de Vôlei. O próximo encontro deles será daqui a exatamente um ano.
Uma das principais funções dos voluntários é chamada por eles de ligeirinho: eles correm para secar o suor dos jogadores no campo. O trabalho dos voluntários está por toda parte. Eles estão com as bolas do jogo, com os rodos, com as bandeiras. Pouca gente repara na turma que invade a quadra toda vez que um jogador cai.
Atletas
Eduard Soghomonyan treina há dois meses em uma academia em São Paulo para tentar uma medalha de ouro na luta greco-romana. Ele é armênio e já foi o 5º melhor lutador do mundo defendendo seu país de origem. Morando no Brasil há três anos, ele já se sente brasileiro, mas ainda não é. Espera uma resposta de Brasília sobre sua naturalização. Pelo menos 11 atletas de cinco modalidades também esperam a naturalização. Eduard lamenta que a autorização para participar de competições internacionais não tenha saído a tempo dos Jogos Panamericanos.
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Em Manaus, o índio Dream Braga é uma promessa do arco e flecha brasileiro. Tem 18 anos e treina sete horas por dia. Dream e outros sete índios viraram atletas depois de serem selecionados por uma ONG. Com um ano e meio de treinamento, o Dream está disputando com atletas de quase 10 anos de experiência. Para os Jogos Panamericanos, ele ficou entre os cinco melhores do Brasil, mas ficou sem a vaga. Para as Olimpíadas, ele tem que ficar entre os três melhores do país.
Fonte: Profissão Repórter