MEIO AMBIENTE
Pesquisadores da Ufes identificam aumento na quantidade de metais na foz.
Pesquisadores viram aumento de alumínio e ferro após chuvas.
Em 18/04/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Pesquisadores da Ufes identificaram um aumento na quantidade de metais na foz do Rio Doce. O resultado da última análise que foram feitas na foz do Rio Doce e no mar de Regência foi divulgado em primeira mão nesta terça-feira (17) no Bom Dia Espírito Santo.
O geólogo Alex Bastos, que coordena a pesquisa, explicou que foram coletadas amostras de sedimentos do fundo do rio nos meses de novembro e dezembro de 2016.
“Depois desse mais de um ano de coleta, o que a gente está vendo é uma hipótese que a gente está vendo e foi corroborada a partir das análises que nós fizemos em novembro e dezembro de 2016. Com a subida do rio, o rio subiu quase dois metros em dezembro, e a gente foi lá e coletou o material. A gente viu que a turbidez voltou e voltou em um nível elevado”, explicou.
Segundo o pesquisador, os índices de metais, especialmente ferro e alumínio foram próximos aos valores encontrados no mesmo período em 2015, semanas depois do rompimento das barragens.
“Esse é um fato que a gente já vinha falando. O período de 2016 o rio teve uma descarga baixa então muito do material que aportou com a lama da barragem estava depositada nas margens, nos bancos e até mesmo na calha do rio. E com o aumento da energia do rio, esse material foi recolocado na coluna d’água e nossas medições da fração total na coluna d’água mostrou então a retomada desses valores elevados”, disse Bastos.
"Os valores que nós medimos em novembro e dezembro mostraram resultados similares (principalmente na foz do rio) de quando a lama chegou", disse Bastos.
Bastos explica que foram feitas medições ao longo do ano de 2016, mas quando a chuva aconteceu foi percebido um aumento considerável dos metais. “A hipótese era de que a elevação do rio elevaria a turbidez, a gente só não imaginava que o nível de metal na água seria o mesmo de um ano atrás. Isso foi uma surpresa, os valores estarem altos”, completou.
Para o pesquisador, o desastre ainda não acabou. “Isso mostra que existem resquícios e que toda vez que tiver um aumento do rio a gente viu o retorno dos índices. Isso mostra que o desastre continua e esse monitoramento precisa continuar”, disse.
A lama é um material muito fino e forma uma espécie de gel no fundo do mar. Atualmente, ela está se deslocando de acordo com as correntes. Concentrada no solo do oceano, a última análise encontrou lama a 60 km ao norte da foz e 35 km ao sul, atingindo a área de proteção permanente costa das algas.
"No mar, é muito difícil chegar com uma posição de limpar a região. então é melhor tentar fazer alguma coisa no rio para evitar que esse material chegue ao mar. No mar, não tem como", disse Bastos.
Samarco
Os pesquisadores não têm dúvidas que esse metais são provenientes da lama da Samarco. A Fundação Renova, que foi criada para recuperar a bacia do Rio Doce, afirma que monitora as águas do rio, e confirma que houve aumento na quantidade de metais durante em dezembro de 2016.
Mas, segundo a fundação, foi um problema pontual. A organização aposta na recuperação de nascentes para manter o volume e a qualidade da água. Segundo ela, mais de 500 já foram recuperadas.
A pesca continua proibida na foz do rio e em Regência. E os pesquisadores ainda estão analisando qual impacto desses metais nos peixes e outros organismos.