SAÚDE

Tendas da dengue estreiam vazias em regiões mais afetadas pela doença.

Lajeado e Penha na Zona Leste de São Paulo lideram os casos na capital.

Em 24/02/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

As tendas de Lajeado e da Penha, na Zona Leste de São Paulo, as primeiras a serem instaladas em 2016, tiveram poucos pacientes na manhã desta quarta-feira (24).

Os dois distritos lideram os casos de dengue na capital neste ano, Lajeado com 68 e a Penha com 35, respectivamente. A cidade teve 827 casos até o dia 31 de janeiro.

Na tenda de Lajeado, a dona de casa Severina da Silva foi ao local com fraqueza e moleza no corpo. Ela fez o exame e depois irá retornar para pegar o resultado. "Achei ótimo", disse ela sobre o atendimento no local.

Na mesma tenda, Rosana de Almeida trouxe a filha de 14 anos, Yasmin de Almeida, que "nem dormiu de dor de cabeça e no corpo". Ela disse que no quarteirão onde moram cinco pessoas pegaram a doença, o que não aconteceu nos outros anos. "Esse ano só por Deus'.

Para Alessandro Giongola, coordenador das ações de controle ao Aedes aegypti na Prefeitura, as tendas estão vazias porque "apesar de estar com ocorrência de focos nas casas aqui [em Lajeado], a demanda ainda é absorvida pelas unidades de saúde". Ele também cita o fato de estarmos no período pré-epidêmico.

Cada tenda fará até 150 atendimentos ao dia. O paciente tem que vir encaminhado de outra unidade de saúde da região, onde receberá um "cartão dengue". As tendas terão tanto o teste-rápido - importante para as ações de bloqueio onde o caso foi constatado - e os hemogramas dengue - importante para o acompanhamento clínico do paciente.

O secretário municipal de saúde, Alexandre Padilha, esteve na inauguração da tenda da Penha. "A dengue preocupa na cidade de São Paulo como um todo, mas ainda estamos no período pré epidemia, ou seja,

é a hora de virar o jogo, é possível virar o jogo exatamente nesse momento".

Aumento
A cidade de São Paulo registrou 827 casos confirmados de dengue até 31 de janeiro, contra 710 contabilizados no mesmo período em 2015. O aumento foi de 16,5%. Os dados foram divulgados pelo secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, na manhã desta terça-feira (23).

“Todos os fatores de risco levam a termos mais casos do que em 2015”, disse Padilha. Como esses fatores, Padilha citou a falta d'água na periferia, a forte resistência do mosquito, calor e existência de criadouros.

"Os dados demonstram que as ações de bloqueio têm sido efetivas para conter a epidemia", diz Padilha.

O secretário disse que nenhum óbito foi registrado na capital. Segundo ele, apesar do aumento, os números prévios das semanas seguintes, que ainda estão sendo contabilizados, indicam tendência de queda.

Depois de Lajeado e Penha, os bairros com mais casos são: Jardim São Luiz, Parque do Carmo, Itaquera, Sacomã, Cidade Ademar, Itaim Paulista, Campo Limpo e Cangaíba.

Para Padilha, o maior número de casos na Zona Leste se deu porque é uma população "mais exposta" à doença, já que as zonas Oeste e Leste tiveram mais casos em 2014 e 2015, respectivamente. Além disso, ele falou mais uma vez da crise no sistema Alto Tietê, que pode ter impactado a Zona Leste.

A administração municipal estima que, nesse ritmo, a cidade pode enfrentar novamente uma situação crítica em 2016, com até 150 mil casos de dengue.

No ano passado, o Estado de São Paulo registrou 649.562 casos. Na capital, em 2015, foram contabilizados 100.440 casos confirmados de moradores residentes no município (99,5% ocorreram no primeiro semestre), com 25 óbitos ao longo do ano. Este ano, o Estado registrou 3 óbitos por dengue.

A Prefeitura afirma que reforçou o trabalho de prevenção, com ações de visitas porta a porta, grupos de orientação e ações de combate nos locais de grande concentração de pessoas.

Zika
Já sobre o vírus da zika não há registro de casos contraídos na cidade. São 47 casos notificados, sendo 37 em investigação. Três foram descartados, três foram confirmados de pessoas que moram em outros municípios, e outros quatro foram (importados) de outras regiões.

Até esta segunda-feira (22), 382 mil residências foram visitadas. Mais de 35% das casas tinham focos de criadouro, segundo a Prefeitura.

Sobre microcefalia, o secretário afirmou que 12 casos com outras razões já foram confirmadas; 14 casos descartados; e seis gestantes com possível relação com o vírus da zika. Destes seis casos de gestantes com possível associação ao vírus da zika, três não contraíram na cidade e outras três se deslocaram pelo estado durante o período vulnerável, de acordo com Padilha.

Já em relação à febre chikungunuya, a cidade de São Paulo tem 236 casos notificados, 212 em investigação, 7 confirmados (importados), 2 casos contraídos na cidade, em Sacomã, ambos de pessoas idosas.

Combate
Neste ano, a gestão municipal adotou a aplicação de um produto chamado BTi via fumacê para eliminar as larvas nos locais potencialmente infectados. Usará um drone para mapear possíveis focos, iniciou a aplicação de 50 mil kits de teste rápido na rede de saúde municipal, e lançou o aplicativo “Sem dengue”, mapa colaborativo de focos da dengue.

Como em 2015, para ajudar no atendimento a pessoas com sintomas de dengue, serão instaladas tendas nos locais com mais casos. Este ano serão 14 tendas, contra 10 no ano passado. As duas primeiras abrirão nesta quarta-feira, dia 24, em Lajeado e na Cangaíba.

Multas para reincidentes
A multa para o imóvel que repetir o erro de permitir criadouro do Aedes aegypti pode chegar a R$ 2 mil em São Paulo. O projeto de lei que propõe multa para imóveis reincidentes em criadouros do mosquito foi protocolado no final de tarde da última sexta-feira (19) pelo vereador Paulo Fiorilo (PT).

Na primeira vez, o infrator receberá uma advertência. Na segunda, ou seja, com reincidência, a multa será de R$ 250 para pessoa física e R$ 1 mil para pessoa jurídica. No caso de uma nova reincidência os valores sobem para R$ 500 para pessoa física e R$ 2 mil para pessoa jurídica.

A multa para reincidência já é aplicada em outras cidades do país, com valores maiores. Em Curitiba, a multa pode chegar aos R$ 3 mil. No Distrito Federal, até R$ 1,5 milhão.

Fonte: G1