SAÚDE
Tratamentos com ventosa e sangria são alternativas contra a dor
Fisioterapeuta explica como funcionam e para que servem.
Em 09/03/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Amadores ou profissionais, atletas convivem com lesões como parte de suas rotinas de treinos e competições. E por isso é cada vez maior o número de pessoas que recorre a tratamentos alternativos para tentar acelerar a recuperação ou apenas amenizar a dor. Recursos da acupuntura, a ventosaterapia e a sangria, por exemplo, são técnicas milenares que visam melhorar a circulação sanguínea, aliviar a dor, liberar a tensão em um músculo e dispersar energia acumulada.
A ventosa ganhou notoriedade quando o nadador Michael Phelps apareceu cheio de hematomas roxos pelo corpo durante os Jogos Olímpicos do Rio 2016. O craque brasileiro Neymar é outro atleta famoso que lança mão do recurso desde que defendia o Barcelona.
Mas quem pensa que se trata de uma novidade, se engana. Há quem diga que há séculos o bambu já era usado para sugar a pele com o objetivo de recuperar o tecido mais rapidamente. O mesmo se dá com a sangria. Há indícios de que os egípcios já utilizavam esse recurso de alguma maneira.
Mas quem pode executar esses tratamentos? Para que eles servem? Em que situações são indicados? Há algum risco? Dói? Para explicar melhor essas alternativas que ainda parecem "estranhas" aos olhos da maioria das pessoas, principalmente pelas manchas roxas deixadas nas áreas afetadas, conversamos com o fisioterapeuta desportivo Adriano Silva, que está se especializando em acupuntura.
Ventosa
Para que serve?
A ventosa serve como uma possível forma de liberar uma tensão muscular ou uma fibra que pode estar com uma contratura. Até mesmo em um estiramento, com a sucção, ela retira células antigas e repõe células novas, o que facilita o processo de autorregulação do corpo.
Qual a indicação?
É indicada quando a pessoa está com dores devido à prática de alguma atividade física ou até mesmo para um sedentário que sente dores no corpo.
Como é o procedimento?
Utilizamos a aplicação de ventosas - "copos" feitos de vidro, plástico ou bambu - como uma forma de estimular o tecido cutâneo e aumentar o fluxo sanguíneo nas regiões onde as mesmas são aplicadas.
Há alguma contraindicação?
A contraindicação é quando há feridas ou em pessoas muito sensíveis de pele ou a dor.
O procedimento é doloroso?
Não necessariamente o paciente sente muita dor ou fica roxo. Isso ficou muito popular com o Phelps nas Olimpíadas, mas a ideia do roxo é se a pessoa seguir o caminho da energia. A gente concentra energia naquele local que ficou marcado.
Há outros tratamentos com o mesmo efeito?
Há diversas maneiras de tratar. Para liberação miofascial, hoje temos o rolinho, a bolinha, a terapia manual, o alongamento com um pouquinho mais de força, temos vários recursos com o mesmo efeito.
Que profissional pode fazer o procedimento?
Somente quem é pós-graduado ou especializado em acupuntura pode praticar. Hoje existem cursos de fim de semana que te permitem isso, mas é preciso ao menos ter passado por algum deles.
Depoimento de quem já fez
Guilherme Guido, triatleta:
"Nunca usei só a ventosa, sempre é um conjunto de coisas. O fisioterapeuta é que avalia e vê o que estou precisando. Quando ele faz a sucção, não dói, mas quando ele passa a ventosa sobre a região afetada, aí dói muito", disse Guido, que não chegou a ficar com marcas roxas na pele e recorreu ao tratamento para ganhar maior mobilidade nos movimentos dos ombros para nadar.
Sangria
Para que serve?
É um recurso para ter sangue novo no local, segundo a ideia da medicina chinesa, tirar o acúmulo de energia naquele local.
Qual a indicação?
É um recurso a mais para dores crônicas, reumatológicas ou dores que não apresentam melhora mesmo após serem tratadas.
Como é o procedimento?
A sangria consiste na perfuração dos capilares dos vasos sanguíneos ou das veias superficiais (telangectasias) com agulhas de três faces, que têm pontas triangulares, conhecidas como lancetas de sangria.
Há contraindicações?
É contraindicado para pessoas que têm problemas de circulação ou cicatrização.
É doloroso?
O paciente não costuma sentir dor, é mais uma pontadinha no local. É bem rápido e higiênico.
Há algum risco?
Não tem risco. Você tem que fazer com um certo cuidado e com o equipamento adequado.
Quem procura esse tratamento?
O perfil de quem procura é um perfil que acredita mais nessa visão holística, uma vez que a sangria tem como principal intuito a liberação de energia acumulada.
Há outras maneiras de tratar o problema?
Há diversas outras maneiras de tratar o problema, como drenagem linfática, mobilização da estrutura ou até mesmo liberação miofascial.
Depoimento de quem já fez
Marcelo Brou, ator e ex-triatleta:
"Ainda me mantenho fazendo bastante atividade física, como natação, corrida e musculação. Aos 53 anos é normal que apareçam algumas lesões. Eu particularmente me adaptei muito bem a ambos os tratamentos. A ventosa “chama" o sangue para a região dolorida ou inflamada a ser tratada, enquanto a sangria, por meio de agulhas, expulsa o sangue da área lesionada, trazendo novo sangue para ela. Nenhuma das duas técnicas são dolorosas, muito pelo contrário. Me sinto bastante confortável. O único porém são as marcas rochas que a ventosa deixa por três dias devido à pressão a vácuo utilizada na técnica."